Tecnologias criadas em competição da USP podem ajudar restaurantes a superar pandemia

Tecnologias criadas em competição da USP podem ajudar restaurantes a superar pandemia

Em sua terceira edição, SancaThon registrou número recorde de participantes, e uniu empresas do setor de alimentação

Foto: SancaThon/Divulgação

Quase 500 participantes, distribuídos por 22 estados e 127 municípios, foram desafiados a desenvolver, em pouco mais de duas semanas, ideias e soluções para o mercado nacional de alimentação, que enfrenta grave crise devido à pandemia do novo coronavírus. Os projetos foram elaborados durante a 3ª edição da SancaThon, maratona tecnológica organizada pela Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP e pela Cargill. Os melhores trabalhos foram anunciados na última quarta-feira (13), durante live realizada com a participação de grandes personalidades do setor de food service no Brasil. 

Ao longo da competição, que pela primeira vez foi promovida 100% online, jovens desenvolvedores, designers e profissionais dos ramos de marketing e negócios puderam criar novos produtos, serviços e tecnologias para o setor alimentício, considerando os novos comportamentos do consumidor. O grupo vencedor da SancaThon desenvolveu uma plataforma digital batizada de “FoodTrends”, que utiliza técnicas de mineração de dados e inteligência analítica para coletar e interpretar uma série de informações de aplicativos de delivery, como características operacionais e cardápios de restaurantes.

Foto: SancaThon/Divulgação

O objetivo é possibilitar que indústrias e distribuidores de alimentos tenham acesso ao potencial de consumo de determinada região, bem como à demanda por insumos e produtos, além das tendências de mercado em diversas localidades, facilitando a elaboração de estratégias pelos empresários. Segundo os idealizadores da plataforma, os dados atualmente disponíveis para esse propósito são superficiais e apresentam problemas de atualização. A estimativa é de que a nova tecnologia esteja em funcionamento em até quatro meses. A FoodTrends foi desenvolvida por: Júlio Vazquez Manfio e Gabriel Valbon Beleli, engenheiros de alimentos; Talles Viana Vargas e Vitor Galassi Luquezi, engenheiros eletricistas; e Caique Antonelli Maurano, analista de desenvolvimento de sistemas.    

Já o grupo que conquistou o segundo lugar na competição, pensou em uma alternativa para conectar pequenos comércios locais aos moradores de seus respectivos bairros. A “CoGift propõe que consumidores paguem antecipadamente certas quantias a restaurantes parceiros e ganhem créditos em suas compras. Em pesquisa realizada pela equipe com 93 pessoas, 72% delas se mostraram favoráveis a pagar de forma antecipada pelo menos R$ 100 em troca desse tipo de benefício. No site da CoGift é possível, por exemplo, ganhar R$ 200,00 em créditos pagando apenas R$ 180,00.

Foto: SancaThon/Divulgação

A startup, que já conta com seis estabelecimentos cadastrados em sua plataforma, registrou em poucos dias de funcionamento mais de 220 acessos na página da empresa e 12 intenções de compra, totalizando R$ 700,00. Com o novo negócio, os restaurantes poderão aumentar suas vendas e os clientes ampliar seu poder de compra, ajudando pequenos estabelecimentos a sobreviverem durante a crise. Integraram o grupo criador da “CoGift”: Camila Miki Kawamura, arquiteta e designer; Luísa Sheng Li Miaw, gerente de projetos; Luiz Felipe Dolabela Santos, engenheiro eletricista; Rafael D’alessandro Pires, facilitador em inovação e metodologias ágeis; Paulo de Godoy Mancini, redator publicitário; e Igor da Cunha Felix, estudante de administração. 

Foto: Cogift/Divulgação

A equipe que ficou com a terceira colocação na SancaThon criou uma solução para aproximar bares e restaurantes de produtores de hortifruti através de um aplicativo de compras coletivas chamado “HORT-E”. A ferramenta facilita o contato direto entre as pontas da cadeia do food service, já que muitas feiras livres estão fechadas durante a quarentena. Com a solução, a ideia é reduzir ou até eliminar custos com intermediários em todo o processo de logística, além de diminuir o tempo de transporte e armazenamento dos produtos, oferecendo alimentos mais frescos e baratos ao consumidor final. 

Foto: SancaThon/Divulgação

Para ingressar no sistema de compras, os estabelecimentos devem fazer um cadastro e informar suas demandas. Os produtores, por sua vez, exibem quais produtos são oferecidos, e podem optar por entrega própria ou solicitar um agente logístico HORT-E para realizar a operação. Os desenvolvedores esperam que em até dois meses o app já esteja disponível nas lojas virtuais. Integraram o grupo: Rafael Montanhez, head de customer success; o administrador Conrado Barreto, a engenheira de alimentos, Lorena Coimbra; Breno Queiroz, estudante de ciências da computação do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos; e Vinícius Baca, estudante do curso de Engenharia Mecânica da EESC. 

Foto: HORT-E/Divulgação

Os três primeiros colocados da SancaThon ganharam premiações em dinheiro, acesso a plataformas de inovação e ingressos para eventos de empreendedorismo. As equipes também tiveram a oportunidade de negociar diretamente com investidores a possibilidade de receberem apoio financeiro ou repasses de propriedade intelectual.

Patamar elevado – Realizada entre os dias 28 de abril e 13 de maio, a 3ª edição da SancaThon bateu recorde de participantes, com 495 inscritos de diversos locais do Brasil e do exterior, como Itália, Argentina e Portugal, divididos em 65 equipes. Ao longo da competição, os desafiados tiveram acesso a mentorias e sessões de conteúdo com especialistas do mercado de food service, que deram detalhes sobre o contexto e as atuais necessidades do setor. Durante a maratona, os participantes contaram ainda com a orientação de profissionais das diversas áreas da engenharia, negócios e programação, que os ajudaram a sanar dúvidas para acelerar o desenvolvimento das ideias. Ao todo, a SancaThon contou mais de 40 parceiros, 90 mentores e 23 jurados.

Foto: SancaThon/Divulgação

“Tivemos a oportunidade de ter inteligência coletiva trabalhando, e isso nos deixa muito orgulhosos. O que colhemos na competição é fruto de muita colaboração, e o impacto que isso pode ter no nosso segmento é maravilhoso. Essa hackathon mostrou como nós podemos ajudar o mercado a renovar ideias, pois vimos algumas propostas antigas sendo repensadas e novas soluções sendo modeladas. Tivemos a oportunidade de trazer pessoas que podem fazer a diferença em todo o processo”, afirma Simone Galante, fundadora Galunion. 

O CEO da Abraccio e Outback no Brasil, Pierre Berenstein, afirmou que a 3ª edição da SancaThon veio no momento certo para acelerar algumas ideias, ressaltando que as novas soluções digitais devem manter a proximidade com o consumidor: “Em todos os projetos foi possível absorver algo interessante, despertar um novo insight. Gostaria de agradecer a todos pela dedicação e generosidade em poder compartilhar com toda a cadeia de food service um novo olhar. Cada dia mais temos trabalhado com inovação aberta, que é uma maneira de estar mais próximo do consumidor. Afinal, não é porque estamos entrando em um processo de digitalização que iremos nos afastar dos consumidores, pelo contrário, temos que estar mais presentes, entender as dores das pessoas, essa nova jornada de consumo, para que possamos criar a elas momentos memoráveis”. 

Foto: SancaThon/Divulgação

Estreante em uma competição “estilo” Hackathon, o CEO da BIDFOOD no Brasil, Antonio Celso Avelino, elogiou o formato da iniciativa e afirmou que as ideias desenvolvidas durante a competição surgem em um momento oportuno para o setor de distribuição, do qual ele faz parte: “Achei bastante interessante o modelo do evento, formando alunos para o food service, ainda mais no nosso segmento de atuação, que muitas vezes não é tão destacado. Fico muito feliz em ver pessoas jovens, empolgadas em ajudar o mercado e com ideias inovadoras. É disso que estávamos precisando, nos consolidar cada vez mais”. 

A união fez a força – EESC e Cargill conseguiram fazer com que dezenas de instituições do food service se unissem para a realização do evento. Segundo o professor Daniel Magalhães, diretor do Centro Avançado EESC para apoio à Inovação (EESCIn), essa rede colaborativa foi um dos destaques da competição, fazendo até com que empresas concorrentes passassem a atuar de forma cooperativa: “A união, cumplicidade e o desejo de contribuir por parte das empresas foram fenomenais. Elas puderam dar tons de mercado e realidade que ajudaram os participantes a criarem soluções de grande impacto”. 

Foto: SancaThon/Divulgação

O docente também ressaltou que o sucesso da 3ª edição da SancaThon teve relação direta com o tema proposto, além do fato dela ter sido realizada 100% online: “Acho que nos reinventamos em termos de competição, pois o formato diferente devido ao período de quarentena, na verdade, possibilitou a expansão do evento. Outro ponto foi o tipo de desafio, que apesar de estar delineado antes da pandemia, acabou sendo aplicado em um dos setores que mais tem sofrido e que precisa de ajuda e soluções imediatas. Prova de sucesso foi o de termos um acerto de negócio durante a live de premiação entre jurado e o grupo vencedor”, revela. 

Líder de food service da Cargill, Thiago Theodoro reiterou que a união durante o evento foi determinante para os bons resultados alcançados. “Parabenizo a USP por ter conseguido conectar esses parceiros, por ter unido a jovialidade de um estudante, às vezes de primeiro semestre, com profissionais que têm mais de 20 anos de mercado. Foi um movimento que ultrapassou as barreiras da competitividade e da concorrência”, afirma. Ele aproveitou, ainda, para elogiar a atuação dos alunos da EESC que ajudaram a organizar a iniciativa: “O time de jovens estudantes da USP que colaboraram com o evento é de ouro, chega até a arrepiar a energia que eles colocaram na realização da maratona. Espero que levem essa paixão e desejo ao mercado profissional, pois vou estar de braços abertos esperando profissionais como eles”. 

Foto: SancaThon/Divulgação

Sobre a competição – A SancaThon é uma maratona de desenvolvimento de tecnologia criada em 2018 pela EESC que fomenta a cultura empreendedora e desperta o desejo dos participantes de desenvolverem projetos inovadores através de uma proposta direcionada, oferecendo mentores e treinamentos para auxiliá-los na elaboração de protótipos e modelos de negócios viáveis. A iniciativa em 2020 foi realizada em conjunto pelo Centro Avançado EESC para apoio à Inovação (EESCIn), Cargill, Núcleo de Empreendedorismo da USP São Carlos (NEU-SC) e pela Semana da Integração da Engenharia Elétrica (SIEEL). 

A SancaThon 2020 contou com a colaboração dos parceiros: ABIA, Abraccio, Abrasel, Almoço Grátis, Alura, Arcofoods, Aryzta, Bares SP, Bidfood, Billy The Grill, BRF Hub, Delivery do Bem, FCSI, Fispal Food Service, Food Consulting, Food Finder, FoodTechHubBr, Galunion, Grupo Alento, GS&Libbra, IBM, IFB, Liga Ventures, Mintel, Outback, SEBRAE, Startups Network, Turn The Table, Vizinhando, Weme, Zygo, ABAS, Kerry, Rhizom, FIPAN, OrtenziAvila Advogados, Padacon, Endeavor, Coca-cola e Coca-cola FEMSA Brasil.

Texto: Henrique Fontes – Assessoria de Comunicação do SEL/USP

 

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Cientista da EESC é homenageado pela Câmara Municipal de Araraquara

Cientista da EESC é homenageado pela Câmara Municipal de Araraquara

Doutorando da EESC, João Paulo foi homenageado pela Câmara Municipal de Araraquara. Foto: Henrique Fontes/SEL

O pesquisador João Paulo de Campos da Costa, doutorando da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, foi homenageado pela Câmara Municipal de Araraquara em reconhecimento às suas contribuições para o desenvolvimento científico e tecnológico. Recentemente, o cientista foi convidado pela Universidade Harvard, dos EUA, para um intercâmbio de um ano em um projeto de pesquisa que envolve a realização de ensaios eletroquímicos, fabricação de sensores e integração de novas plataformas de diagnóstico.

Formado em Engenharia Elétrica pela Universidade de Araraquara, sua cidade natal, Costa teve seu primeiro contato com a ciência em 2012, durante iniciação científica realizada com a professora Maria Aparecida Zaghete, do Instituto de Química (IQ) da Unesp. Após concluir a graduação, o jovem ingressou no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da EESC, no qual realizou seu mestrado e atualmente desenvolve sua pesquisa de doutorado, sob orientação do professor João Paulo do Carmo, do Departamento de Engenharia Elétrica e de Computação (SEL), que também foi homenageado pela Câmara Municipal de Araraquara, juntamente com outros cientistas. 

Durante seu trabalho de mestrado, Costa criou um dispositivo eletrônico para diagnóstico da hepatite C. O aparelho é mais rápido, preciso e barato que os disponíveis no mercado, sendo capaz de revelar, em até 10 minutos, se um paciente está infectado com a doença. O estudo, que foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), contou com a colaboração de pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCFAR) da Unesp, em Araraquara (SP), e do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF). 

Em 2016, o doutorando da EESC já havia participado de outra pesquisa da área de nanotecnologia aplicada à saúde. Naquela ocasião, o objetivo era desenvolver um biossensor para detecção precoce de hepatite C e câncer de ovário.

Texto: Assessoria de Comunicação do SEL/USP
Com informações da Assessoria de gabinete do vereador Jéferson Yashuda

 

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